quinta-feira, 12 de maio de 2011

O Castelo | Livro


Por Pachá
Nesta obra Kafka funde as instituições feudais e modernas do inicio do sec. XX ao narrar a absurda condição de um topógrafo, agrimensor, de nome K que ao chegar a um vilarejo aos pés de um castelo, o qual não só demanda  todo o trabalho para a população como influi e dita o comportamento desta.

A narrativa labiríntica que Kafka imprime nas páginas de O castelo possui certo desespero existencial, anunciando o grande mal do Sec. XX, o individualismo, a competitividade e a solidão, contida na luta de K contra a burocracia e paradigmas comportamentais. Embora possua o título do poeta da inescrutabilidade, Kafka ao seu modo o fez por merecer, basta ver como ele se empenhou em dificultar a interpretação de seus textos, onde as opiniões são expressões de contidos desespero.

K chega ao vilarejo e tão logo tenta se instalar em uma estalagem descobre que sua chegada pode não passar se não de um equivoco da teia burocrática dos secretários do castelo. Na tentativa de elucidar sua condição, K tenta chegar ao castelo, tarefa que no decorrer da narrativa, se torna algo intransponível quanto absurdo, tal o maneirismo da população em relação a K que sem saída, tai em minha opinião o primeiro absurdo, pois ele poderia ir embora a qualquer momento deste vilarejo. Mas K refuta tal opção ao dizer “cheguei para aqui me estabelecer e aqui quero ficar”. E em uma de suas tentativas de aproximações com possíveis secretários que possam lhe esclarecer sua permanecia ali, K conhece Frieda que logo diz ser amante de Klanm, uma espécie de monarca governamental do castelo, do qual ser amante rende certo prestigio. Nesta passagem reside outro absurdo do universo Kafkiano, K pede Frieda em casamento, após um encontro, residindo neste a antítese comportamental entre costumes antigos e modernos.

Há de se prestar muita atenção a narrativa do castelo, pois em dado momento já não sabemos se o agrimensor é quem diz ser, somos tragados por um turbilhão de opiniões dos personagens que a todo o momento não deixam de criar também certo mistério, pautando desse modo outra característica de Kafka que é a reflexão constante dos personagens sobre as condições e os relacionamentos interpessoais, característica também presente em Metamorfose e O Processo.

A passagem do mistério que envolve a família de Barnabás é uma síntese de todo o livro, pois naquele reside os absurdos; já que ser amante de Klanm é algo prestigioso, renunciar ao assédio de qualquer alto funcionário do castelo por levar uma família a ruína total, e isto acontece quando Amália, irmã de Barnabás, recusa tal assédio do funcionário Sortini. A culpa de um pecado absurdo também está presente na figura do pai de Barnabás que tenta o perdão aos secretários do castelo, mas assim como K ele é liquidado pela burocracia e a resignação o leva a estado moribundo, tornando ainda mais aguda a situação da família Barnabás que é expurgada pela sociedade local.

A passagem do tempo é algo marcante nas obras de Kafka, pois o turbilhão de acontecimentos, que sugere ao leitor meses, na verdade leva alguns dias. Para K foi necessário um semana para se emaranhar no labirinto que o castelo cria no vilarejo, como se este fosse mais uma extensão dos corredores do castelo.

O livro termina de forma irresoluta, com K dizendo “Não quero favores do castelo, mas aquilo que é o meu direito". Pesquisando os comentários  e estudiosos da obra de Kafka estes creem que a intenção de Kafka era finalizar o livro com final mais paroxismo, onde teria o mesmo fim que o pai de Barnabás.

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