quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O Palhaço

Por Pachá
Segundo filme dirigido por Selton Mello. O Argumento de O palhaço é um drama do mundo mambembe, dos que alegram, sem ter em que ou quem se alegrar, pois por trás do sorriso há dramas humanos, residência fixa, identidade, falta de dinheiro etc.

A dupla puro-sangue e pangaré, são pai e filho que dividem o picadeiro de um circo que roda o interior do Brasil. Vivido por Paulo José e Selton Mello respectivamente, o filme de acordo com o diretor é uma homenagem a Didi Mocó, ou pelo menos foi inspirado nesse. Pangaré entra em crise existencial, precisa de uma identidade e ganha o mundo, este é menos engraçado do que o pequeno picadeiro do seu circo, e ele conclui "o gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou palhaço"

As atuações estão corretas, Selton como pangaré/Bejamin está no seu ambiente, o cômico/ dramático. Paulo José o nome experiente do elenco tem desenvoltura e ritmo na montagem de puro sangue/ Valdemar. tem também o esquecido Moacyr Franco em rápido papel, mas que lhe rendeu prêmio de melhor ator coadjuvante e do saudoso Ferrugem. A fotografia de cores fortes e brilhantes capta bem as cadeias de montanhas das Minas Gerais, parque de Ibitipoca, Lavras, Passos são algumas das locações. O roteiro é bem enxuto, basta ver a duração do longa, mas muito eficiente em narrar apenas o que se filma deixando bastante espaço para indagações do espectador através das imagens da câmera de Selton

Os pontos fracos do filme são a curta duração e certas inverosimilhança, como no figurino, roupas estalando de novas contrastando com a condição de parcos recursos dos circenses. Mas o figurino assinado por Kika Lopes levou prêmio no festival de Paulínia

O palhaço não possui os temas comuns dos filmes nacionais; pobreza, violência. Talvez as mazelas de um Brasil imenso e esquecido em algumas regiões, porém bucólico, sonhador e neste, reside o ponto forte do filme de Selton a leveza e pureza em uma história com grande empatia dos que tentam enxergar o mundo com a simplicidade de um sorriso.

O Palhaço abocanhou no festival de Paulínia 2011 os seguintes prêmios;
Melhor diretor - Selton Mello
Melhor ator coadjuvante - Moacyr Franco
Melhor Roteiro - Selton Mello e Marcelo Vindicatto
Melhor figurino  - Kika Lopes



2 comentários:

  1. O mais interessante no filme e é o que torna particular, e não só um apanhado de (boas) referências, é que elas estão servindo em O Palhaço para fazer um elogio autêntico da tradição brasileira do humor verbal. No fundo, é nessa homenagem a nomes da comédia nacional que Selton Mello - e Benjamin - encontra a cura da sua crise. É uma cura pela coletividade, por sentir-se parte de algo, sentimento que tem uma boa expressão justamente no mundo do circo. Esta é apenas a opinião de um aprecidor da arte.
    Belo artigo!!!

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  2. Olá anonimo. Comentários são sempre bem vindos. Obrigado.

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