Por Pachá
Há inúmeras formas de abordagem dos relacionamentos, a de Derek Cianfrance não é original, mas tem ritmo, verossimilhança e atuações convincentes em um filme honesto.
Cindy (Michelle Williams) e Dean (Ryan Gosling) são dois jovens que por falta de opção, do que por escolha, estão juntos. Mas Dean ama inocentemente e ingenuamente Cindy que ao longo do filme vai nos mostrando que parece não acreditar em coisa alguma, apenas tenta fugir do exemplo que tem em casa. De criação rígida, com figura paterna opressora e mãe submissa, Cindy não que ter tal destino; sua avó nunca amou seu avô, sua mãe nunca nutriu sentimentos mais elevados pelo marido. Mas imprevisto sempre acontecem, não há ensaios para se aprender a viver.
O herói do diretor, Dean tem trajetória antagônica ao de Cindy. Dean acredita no amor, acredita no para sempre na tristeza ou na alegria. Ele é uma encarnação moderna de Lancelot. Essa crença ingênua, lhe traz dificuldade para encarar a finitude das coisas. Não nos é mostrado quando o relacionamento se perde, contrariando uma das máximas dos relacionamentos; nunca sabemos quando o amor começa, mas sempre sabemos quando ele termina.
As atuações são o forte do filme. Gosling que já era conhecido de outro filme independente, real girl de 2007, com interpretação sublime e do recente água com açúcar Stupid, Crazy love (Amor a toda prova de 2011) e do fodaço Drive 2011, mas este é uma outra história, ou melhor post e logo ponho no branco digital. Gosling da mostra de ser um dos grandes atores de sua geração, versátil, flexível e adaptável a qualquer papel. Michelle Williams consegue transbordar grande carga dramática de um relacionamento que se sustenta por pouco. Ela que ganhou fama em um desses seriados bobinhos da Warner, e por ser esposa do falecido Heath Ledger com o qual contracenou em Brokback Mountain. Aliás Blue Valentine tinha previsão de ser filmado em 2008, mas com a morte do coringa Ledger a produção aguardou a recuperação de Michelle.
A forma de narrar histórias através de fragmentos, virou moda, tomou conta dos filmes de Hollywood, creio ser mandatório para filmes ditos independentes. Mas Derek usou esse recurso com sagacidade, pois através do vai e vem da narração intensifica o conflito dos personagens. Há certos furos no roteiro, tais como Dean no quarto de Cindy no primeiro dia de jantar, algo em minha percepção oposto ao que se quis dizer quando mostra toda uma criação opulenta. O mesmo, quando Cindy é questionada por uma médica quantos parceiros já teve, Cindy responde de 20 a 25. Ora pra quem esta na casa dos dezenove, vinte anos me pareceu um tanto forçado dado as informações anteriores.
Um bom filme que certamente vai figurar na lista de melhores de 2011.
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