quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Inquietos


Por Pachá 

Gus Van Sant faz reflexão da morte na perspectiva de uma paciente em estado terminal de câncer, Annabel (Mia Wasikowska), com postura perante a morte uma séria candidata a monge tibetano. É verdade que Van Sant retira a melancolia e prostração diante da finitude e põe sorriso e alegria. A cena dos protagonistas encenando um filme sobre a morte de Annabel é hilária, mas com desfecho contraditório, pois se torna séria demais. Particularmente achei forçado e pouco verossímil que uma adolescente encare a morte com tal altivez, mas as vezes  a ignorância nos protege de males maiores, o que não parece ser o caso dos protagonistas de Os inquietos.

A primeira cena do filme causa certa estranheza, pois lembra em muito Me ensina a Viver de 1971 no qual o diretor Hal Ashby mostrou uma forma de romance diferente, ao colocar um adolescente interessado na morte e uma idosa em uma historia de amor diferente. Em inquietos Enoch (Henry Hopper - filho de Dennis Hopper) é um jovem órfão de pai e mãe que invade memorais (velórios) e conhece Annabel, que também tem esse mórbido prazer. Annabel é uma jovem extrovertida e de contagiante vivacidade. Os dois com fascinação pela morte, cada um com seus motivos, se enamoram e por pouco o filme de Van Sant não se transforma em uma chatice, mas ao contrário, ele consegue criar expectativas mesmo diante do final anunciado, previsível até. Van Sant entrega, com pouco mais de vinte minutos de filme, o desenlace, e foca apenas na visão de Annabel e Enoch sobre vida e morte. E aos poucos vai munindo o espectador com informações para melhor entendermos os conflitos que guiam seus personagens.

O filme tem espinha dorsal na interpretação dos dois jovens, que sustenta o roteiro com inteligente postura e diálogos pouco convencional para jovens de suas idades, mas que acaba por transformar situações banais em uma inteligente e sensível maneira de encarar o fim e as perdas nesse doloroso processo.


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