terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Um Conto Chinês



Por Pachá
O filme de Sebastián Borenztein prima pela simplicidade e atuação sempre carismática de Ricardo Dárin que em Um Conto Chinês é Roberto um recluso solteirão rabugento que tem uma loja de ferragens onde vive em uma metódica rotina. Cheio de manias Roberto é um ermitão que perdeu a vontade de se socializar. É muito fácil fazer um paralelo com filme de Heitor Dália Cheiro do Ralo, mas o filme de Sebastián tem como argumento o choque de culturas, alteridade. Isso porque Buenos Aires não é uma metrópole com miscigenação tal São Paulo, Paris, Nova York, Madri etc.

A rotina de Roberto é alterada quando ele resolve ajudar um chino que é abandonado na rua por um taxista. Jun não fala nem entende uma palavra em Espanhol tornando a convivência dos dois, pautada pela incomunicabilidade, lingüística cultural, quando Roberto decide dar abrigo para Jun até que este encontre um parente. Na verdade Roberto estipula um prazo, de sete dias que ao fim deste Jun irá para rua.

O filme poderia cair em reflexões piegas sobre diferenças culturais, mas o roteiro bem estruturado do próprio Sebastián, ancorado na interpretação de Dárin impede que isso aconteça e Roberto se mantém em seu estilo de vida firme como o rochedo de Gibraltar e tenta de todas as maneiras restituir sua rotina se livrando de Jun. Mesmo diante de uma história absurda, o filme mantém uma verdade interna vigorosa que em nenhum momento perde ritmo.

Embora pouco conhecido, praticamente um estreante, Sebastián Borenztein faz jus ao cinema de qualidade argentino e leva pra tela um ótimo filme que foi assistido por mais de um milhão de argentinos.

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