sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Infancia 1945

Por Pachá
O romance Infância do alagoano Graciliano Ramos transita por memorias, ficção. De maneira muito lúdica vemos o desenvolvimento de um ser que aprende a ser humano observando humanos a sua volta. O cenário, o nordeste, desolador mas repleto de pequenas faceirice que só uma criança vivencia. 

O resgate desse tempo distante, mas não esquecido de fragmentadas lembranças em uma narrativa ouvida, de quem ainda não domina a palavra faz de Infância um livro diferente das obras anteriores de Graciliano, pelo menos as que li até o momento. 

As vivencias  mescladas a criticas existências e sociais, cria densa e carregada atmosfera de dores, delicias e prazeres. Narrado em primeira pessoa, há na estrutura narrativa uma fusão do eu no passado distante e o eu do presente, e percebemos porque o presente é um passado recente, pois o único tempo que se mede é o passado.

Esse apanhado de memorias foi escrito entre 1936 e 1944. Graciliano já gozava prestigio de escritor de renome com livros anteriores, Caetés, São Bernardo.

Passagens interessantes do livro...
     Enfim consegui familiarizar-me com as letras quase todas. Aí me exibiram outras vinte e cinco, diferentes das primeiras e com os mesmos nomes delas (…). Veio o terceiro alfabeto, veio o quarto, e a confusão estabeleceu-se, um horror de qüiproquós. Quatro sinais com uma só denominação. Se me habituassem às maiúsculas, deixando as minúsculas para mais tarde, talvez não me embrutecesse.

   Meu pai não tinha vocação para o ensino, mas quis meter-me o alfabeto na cabeça. Resisti, ele teimou – e o resultado foi um desastre. Cedo revelou impaciência e assustou-me. (…)

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