Por Pachá
O diretor sueco Tomas Alfredson tem em O Espião que Sabia demais uma trama complexa, densa e silenciosa, características bem trabalhada em seu filme anterior Deixa ela entrar. O filme é lacônico, frases curtas onde olhares, por vezes furiosos, questionadores pautam o desenrolar do enredo, mas que não fere a lógica interna criada pelo roteiro de John le Carré e Peter Straughan, o primeiro autor do livro Tinker, Tailor, Soldier, Spy no qual o filme é baseado.
Como diz o titulo, o enredo trata de espionagem e contra-espionarem, e não espere tiroteios e alucinantes perseguições, o filme trabalha no silencio da espionagem, e nada é entregue ao telespectador de graça.
Gary Oldman em interpretação irretocável é Smiles um espião do alto escalão do serviço de espionagem britânico. De poucas palavras, alias nos primeiros vinte minutos do filme ele não profere uma única palavra, apenas olhares. Esse alto escalão é conhecido como circo, cujo dono do picadeiro é John Hurt em papel excêntrico, irônico, como autoridade máxima da cúpula de espionagem britânica.
A trama toda gira em torno da caça de um agente duplo que está passando informações para os russos. E como bom filme de suspense, Tomas nos dá vários suspeitos e poucas pistas. E por um instante duvidei que a trama fosse resolvida dentro das duas horas de duração, ficando o final para mais um desses filmes onde a incógnita permanece, deixando a cargo do espectador elucidar o mistério em suas múltiplas alternativas. O mérito fica por conta do roteiro que diz o suficiente na hora certa, sem rodeios ou firulas masturbatórias.
O elenco é outro atrativo do longa, Colin Firth, Toby Jones, Ciarán Hinds e Tom Hardy completam o circo. E mesmo a participação breve de alguns, tem peso, dado que o filme é resolvido nos detalhes e cada aparição, fala, é parte fundamental para montar o intrigante jogo de gato e rato aramado pelo roteiro. É possível que para alguns o filme tenha trama de difícil digestão, mas normalmente filmes com tal estrutura o tem, pois é nessa aparente atmosfera de confusão que reside a graça do gênero, mas é claro, desde que montada de forma coesa e com a referida lógica interna, que não desnorteie o espectador com profusão de informação sem utilidade para elucidação da trama.
Tinker, Tailor, Soldier, Spy
Gênero: Suspense
Duração: 127 min.
Origem: Reino Unido, França e Alemanha
Estreia: 13 de Janeiro de 2012
Direção: Tomas Alfredson
Roteiro: John le Carré e Peter Straughan
Distribuidora: PlayArte Pictures
Censura:
Ano: 2011
Gostei. A expectativa era baixa mas é um filmaço minimalista cinzento e dissimulado. Ele pede atenção e compromisso do espectador, pois é uma história para ser mais observada do que assistida.
ResponderExcluirÉ isso ai clever monkey!
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