domingo, 8 de janeiro de 2012

Vou Cuspir No Seu Túmulo

Por Pachá
O controvertido livro de Boris Vian é sobretudo uma história de vingança. Publicado em meados da década de 40 do séc. XX conta a trajetória de Lee Anderson. Rapaz simpático de voz cativante, mas que na verdade é negro. É preciso saber que a lei Jim Crow "one drop", vigente na época, dizia que uma única gota de sangue era suficiente para tornar o sujeito negro. Lee não tem aparência de negro, mas sim de um surfista californiano. 

O objetivos de Lee é entregue nas primeiras páginas, vingar a morte do garoto, seu irmão caçula que foi assassinado por namorar uma americana branca. Em seu plano reside a simplicidade de atos inconsequentes e a complexidade da natureza humana. Lee consegue emprego como gerente de livraria na pacata cidade de Buckton onde a localzada está afim de beber, fuder e dançar, (Jive, jitterbug) não necessariamente nessa ordem.

Quando publicado, Vou Cuspir em Seu Túmulo Vian alegou ser apenas tradutor de escritor americano desconhecido que temia pela vida caso publicasse tal obra na América. Porém logo a farsa de Vian foi descoberta, o que lhe rendeu fama, fundos e processos. O livro foi proibido mais tarde, pelo teor sexual e violento para época. Mas por outro lado assegurou a Via um estilo vivaz, eficaz caracteristico dos bons romances policias. A leitura é bem divertida, diálogos carregados de cinismo, sexo e por fima a violência de um bom pulp fiction...

Vian morreu aos 39 anos (1969) dentro dum cinema enquanto assistia a uma versão de Vou cuspir... Hiperativo, o sujeito era poeta, dramaturgo, escritor etc... Abaixo poema de Vian. Um filme irlandês de 1978 tem título homonino, mas de historia diferente que não demora ponho percepção no branco digital.

“As mães nos fazem sangrando


e nos prendem a vida toda


por uma tira de carne viva.


Somos educados em gaiolas.


Vivemos mastigando pedaços


de seios arrancados sangrando


que penduramos na borda dos berços.


Temos sangue no corpo todo


e como não gostamos de vê-lo


fazemos correr o dos outros.


Um dia, não haverá mais.


Seremos livres.





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