Ela está inquieta como um tigre enjaulado, e quer respostas de perguntas que não sabe fazer.
Eu estou amuado em um canto, fugindo do seu olhar, evitando o confronto, como um cão que acabou de fazer caca no tapete.
- Eu me esforço mas não consigo penetrar essa carapaça, como posso te ajudar se você não se permitir ajudar?
- E que caralho mais você quer de mim? Você quer algo que nem sei se tenho pra dar.
Saio do meu canto, tento abraçá-la, mas ela foge como um gato foge da água.
- Não estou falando disso.
Sua cara tem um misto de raiva e pena assombrosamente realçada pelos borrados da maquiagem derretida.
- Eu apenas quero que você me dê acesso a você, que me deixe fazer parte da sua vida, das suas alegrias e tristezas.
Continua ela com ar de pura piedade, isso me incomoda, me contenho para não explodir num ímpeto de raiva.
Tomo ll
- De onde vem tanta tristeza, que fundo tem? Se não te conhecesse o pouco que conheço, acharia essa sua indiferença um grande exercício de superioridade, mas sei que é apenas um disfarce para esconder essa melancolia sem fim. O que te fiz para me tratar assim?
- O problema não é você, nunca foi, e sim eu, eu sou grande problema, uma grande parábola de um função sem solução, minha tristeza não tem culpado nem motivo, ela apenas é inerente a minha condição, e esta latente em tudo que faço, e há muito tempo aprendi que as fugas são ineficazes , pois ela se move de forma inexorável em cada célula do meu corpo, toma de assalto minha consciência e me convence de que não existe finais felizes, pois não importa os meios, o final é sempre o mesmo, escuro e frio.
- Você tem medo de morrer?
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